olé!

Ontem já lhe fiz a primeira pega. Hoje vai ser pelos cornos, a partir daí, ninguém me pára. Haverá quem venha a dizer “I ain't gonna work on Maggie's farm no more”. E é assim mesmo que as coisas deverão ser. Já entra o cheiro a relva cortada pelo meu gabinete adentro. Ontem morri um pouco, situação nada poética em si, não pude ficar morta. Tive de revitalizar para desafiar o touro. Entrei no carro e segui a debitar mental e verbalmente o FMI e a planear voltar-me para trás à saída da arena e desejar as melhoras a todos. Fantasiei a cena em câmara lenta e a P&B. Passei pela loja e trouxe Jameson, hortelã, coentros e aipo. Cheguei a casa e cai num pranto que não planeei. Chorei a minha morte. Deitei-me de imediato para que o dia acabasse.


Hoje já é hoje, já entra cheiro a relva cortada pelo meu gabinete adentro e hei-de pegá-lo pelos cornos. You ain't gonna work on Maggie's farm no more.




















Devilkin de Sára Saudekova
2006

3 comentários:

lésbica só disse...

Não sou apreciadora de touradas, mas aqui estou contigo, claro. Continuo a gostar muito de te ler.

Paulo disse...

Ui...!

Scarlata disse...

Fosga-se!




Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.

Alberto Carneiro
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