Por acaso acho um bocado contraditório e até mesmo parolo o que se vê por aí de opiniões relativamente ao futebol. Eu gosto de futebol, e não gosto. Tão depressa sou capaz de ficar 90 min. + prolongamentos a ver um jogo como me zango com toda a mafiosidade existente e deixo de ver durante meses, muitos meses. De vez em quando brinco com clubismos, bairrismos e outros ismos, mas nunca me senti com nenhum porque nunca me deixei levar nenhum deles a sério.
Não me fui informar, antes de teclar este desabafo, dos motivos que levam o futebol a mover mais massas do que, por exemplo, o ténis, a fórmula I ou a natação. Nem sei mesmo se é verdade que mova, em número, mais gente. É verdade que, pelo menos aqui no nosso burgo, quando se fala em desporto o primeiro evocado (convocado?) é o futebol. Deixo aqui algumas questões muito simples que se me levantam:
- O que é que irrita tanto as pessoas que desprezam o futebol?
Dizem que é uma estupidez enorme, que ver não sei quantos gajos atrás de uma bola durante 90 min. é para broncos. As mesmas pessoas que fazem este tipo de afirmações ficam não sei quanto tempo a ver duas pessoas a mandar uma bola de um lado para outro duma rede com auxílio de uma raquete, outras ficam de olhos pespegados a ver saltos em piscina (eu, por exemplo), outras ainda vibram a ver carros a andar ao redol emitindo não sei quanto CO2 para o ambiente e por aí fora. Há mais desportos do que aqueles que seria capaz de enumerar e as razões que levam as pessoas a apreciá-los. Mas não compreendo a embirração específica* com o futebol e gostava que alguém me explicasse. (Será “apenas” pelo tempo de antena que apreende?)
* “específica” porque não falo de pessoas que não gostam, de todo, de desportos
- As pessoas que argumentam que não gostam de futebol por causa da mafiosidade e dos dinheiros que move não estão a falar a sério, pois não? Não estão mesmo a ignorar a mafiosidade e dinheiros que se movimentam noutros desportos, muitas vezes muito mais do que no futebol, pois não?
- Porque é que as pessoas vibram com vitórias alcançadas nos Jogos Olímpicos* (uma vez mais, apenas como exemplo) não consideram vitórias em outro tipo de campeonatos tais como os europeus e mundiais de futebol? Havendo uma vitória de Portugal em futebol nos Jogos Olímpicos, qual seria a consideração da mesma por essas pessoas?
* bem, o ano passado havia muito com que “implicar”, começando pela organização dos mesmos…
- Se um português alcança um prémio mundial na modalidade que pratica, porque é que as opiniões relativas ao prémio incidem na pessoa, tecendo mil e uma considerações sobre a sua vida pessoal e não sobre o profissional, e na nacionalidade, querendo ignorar que se trata de um reconhecimento merecido? (afinal, a essas pessoas, é-lhes ou não indiferente ser português?)
Não consigo encontrar respostas “lógicas” para estas questões, fico-me sempre pela conclusão “enfim, é uma embirração como outra qualquer”. E, como as embirrações são levadas por afecções viscerais e não por questões racionais, fica-se por aí, não há outra volta a dar na compreensão do fenómeno(?). E, repare-se, nem estou a arrogar-me retirar qualquer legitimidade à embirração, ora essa! Todos temos direito a elas. Apenas acontece que andava a navegar e resolvi usar o meu tempo a escrevinhar sobre esta questão de menor importância.
Eu não vibro com prémios quando se trata de desporto, talvez noutros vibre, nem sei dizer, mas não será pelo patriotismo. Não sou patriota mas também não me moo a maldizer o país onde assumi viver e ser contribuinte. Seria tarefa demasiado cansativa tentar aproveitar qualquer acontecimento para sublinhar o meu voto contra a minha nacionalidade aceite. Cristiano Ronaldo, o mote que me levou a escrever, ganhou um prémio importante para a sua área profissional. Ora vejo pessoas em congratulação, ora vejo pessoas em reprimenda. Das pessoas que o criticam, ainda não vi nenhuma dar uma justificação lógica contra a legitimidade do prémio. Não me sinto nem um pouquinho (mais) orgulhosa por ser portuguesa, mas também me incomoda nicles que ele represente Portugal no futebol. Assim como não reconheço o prémio por ser portuguesa, não reconheço qualquer desprestígio por ser um português parolo (odeio que os putos todos andem com aqueles brincos horrorosos e a culpa é do CR7!) a ganhar o prémio de melhor jogador de futebol do mundo. Parecem-me sinceramente proporcionalmente equivalentes as intensidades dos que se empenham no patriotismo e dos que se agarram a renegá-lo. São, não são?
Nota1: nem pensar ilustrar isto com uma foto do CR7, credo!
Nota2: se os Obamas escolherem o cão d'água português ficam muito bem servidos, pouco mais haverá a dizer sobre o facto
Não me fui informar, antes de teclar este desabafo, dos motivos que levam o futebol a mover mais massas do que, por exemplo, o ténis, a fórmula I ou a natação. Nem sei mesmo se é verdade que mova, em número, mais gente. É verdade que, pelo menos aqui no nosso burgo, quando se fala em desporto o primeiro evocado (convocado?) é o futebol. Deixo aqui algumas questões muito simples que se me levantam:
- O que é que irrita tanto as pessoas que desprezam o futebol?
Dizem que é uma estupidez enorme, que ver não sei quantos gajos atrás de uma bola durante 90 min. é para broncos. As mesmas pessoas que fazem este tipo de afirmações ficam não sei quanto tempo a ver duas pessoas a mandar uma bola de um lado para outro duma rede com auxílio de uma raquete, outras ficam de olhos pespegados a ver saltos em piscina (eu, por exemplo), outras ainda vibram a ver carros a andar ao redol emitindo não sei quanto CO2 para o ambiente e por aí fora. Há mais desportos do que aqueles que seria capaz de enumerar e as razões que levam as pessoas a apreciá-los. Mas não compreendo a embirração específica* com o futebol e gostava que alguém me explicasse. (Será “apenas” pelo tempo de antena que apreende?)
* “específica” porque não falo de pessoas que não gostam, de todo, de desportos
- As pessoas que argumentam que não gostam de futebol por causa da mafiosidade e dos dinheiros que move não estão a falar a sério, pois não? Não estão mesmo a ignorar a mafiosidade e dinheiros que se movimentam noutros desportos, muitas vezes muito mais do que no futebol, pois não?
- Porque é que as pessoas vibram com vitórias alcançadas nos Jogos Olímpicos* (uma vez mais, apenas como exemplo) não consideram vitórias em outro tipo de campeonatos tais como os europeus e mundiais de futebol? Havendo uma vitória de Portugal em futebol nos Jogos Olímpicos, qual seria a consideração da mesma por essas pessoas?
* bem, o ano passado havia muito com que “implicar”, começando pela organização dos mesmos…
- Se um português alcança um prémio mundial na modalidade que pratica, porque é que as opiniões relativas ao prémio incidem na pessoa, tecendo mil e uma considerações sobre a sua vida pessoal e não sobre o profissional, e na nacionalidade, querendo ignorar que se trata de um reconhecimento merecido? (afinal, a essas pessoas, é-lhes ou não indiferente ser português?)
Não consigo encontrar respostas “lógicas” para estas questões, fico-me sempre pela conclusão “enfim, é uma embirração como outra qualquer”. E, como as embirrações são levadas por afecções viscerais e não por questões racionais, fica-se por aí, não há outra volta a dar na compreensão do fenómeno(?). E, repare-se, nem estou a arrogar-me retirar qualquer legitimidade à embirração, ora essa! Todos temos direito a elas. Apenas acontece que andava a navegar e resolvi usar o meu tempo a escrevinhar sobre esta questão de menor importância.
Eu não vibro com prémios quando se trata de desporto, talvez noutros vibre, nem sei dizer, mas não será pelo patriotismo. Não sou patriota mas também não me moo a maldizer o país onde assumi viver e ser contribuinte. Seria tarefa demasiado cansativa tentar aproveitar qualquer acontecimento para sublinhar o meu voto contra a minha nacionalidade aceite. Cristiano Ronaldo, o mote que me levou a escrever, ganhou um prémio importante para a sua área profissional. Ora vejo pessoas em congratulação, ora vejo pessoas em reprimenda. Das pessoas que o criticam, ainda não vi nenhuma dar uma justificação lógica contra a legitimidade do prémio. Não me sinto nem um pouquinho (mais) orgulhosa por ser portuguesa, mas também me incomoda nicles que ele represente Portugal no futebol. Assim como não reconheço o prémio por ser portuguesa, não reconheço qualquer desprestígio por ser um português parolo (odeio que os putos todos andem com aqueles brincos horrorosos e a culpa é do CR7!) a ganhar o prémio de melhor jogador de futebol do mundo. Parecem-me sinceramente proporcionalmente equivalentes as intensidades dos que se empenham no patriotismo e dos que se agarram a renegá-lo. São, não são?
Nota1: nem pensar ilustrar isto com uma foto do CR7, credo!
Nota2: se os Obamas escolherem o cão d'água português ficam muito bem servidos, pouco mais haverá a dizer sobre o facto
1 comentário:
os outros desportos ( e confesso que são poucos os que aprecio) não ocupam sistematicamente metade do noticiário do dia.
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