[ A estrada de Cormac McCarthy ] (um livro para se ler em silêncio)

Este é o meu filho, disse. Lavo-lhe o cabelo, sujo com os miolos de um morto. É a tarefa que me cabe. Depois embrulhou-o no cobertor e levou-o até ao fogo.

Sentado, o rapaz titubeava. O homem mantinha-se atento, não fosse ele tombar nas chamas. Com os pés, abriu buracos na areia para as ancas e os ombros do rapaz no ponto onde ele iria dormir e depois sentou-se com ele no regaço enquanto lhe passava os dedos pelos cabelos diante do lume para os secar. Tudo isto como uma qualquer unção imemorial. Assim seja. Evoca as formas. Quando mais nada tens, constrói cerimónias a partir do nada e dá-lhes vida com o teu sopro.


in A Estrada de Cormac McCarthy
tradução de Paulo Faria
Relógio D'Água, Editores
2006

6 comentários:

Ana Cristina Leonardo disse...

belíssimo livro

carlos veríssimo disse...

Começo a ler hoje.

Espero não gostar muito das primeiras páginas, pois preciso de dormir.

Anónimo disse...

grande escritor.

salamandrine disse...

recuso-me a ler estes posts. lá para o fim desta e princípio da outra, começo eu a ler EM INGLÊS nha nha nha

margarete disse...

eu sei que recusas, pUrcebo isso perfeitamente
e sei que vais ler em inglês >:<
...não tive paciência para esperar pela edição em Inglês :S

mas aguardo o patrimony em Inglês :P

menina alice disse...

Ainda convalesço, tu sabes. :)




Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.

Alberto Carneiro
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