plágio na floresta

Agarrada aos dedos no final do dia escoo em autoplágio. Imagino uma hora inebriada e deixo-me n’O lugar onde tudo se dispersa (a rodos), em redor da verdade. Uso as palavras em contextos fonológicos a esconder a discussão ortográfica. Trocas, omissões, distorções. Registo parêntesis rectos, depois barras. E repito em língua portuguesa a tradução de Deus Ibis Est (yet we never understand for what we’re fighting for*). Luto com a disciplina. Envergonho-me a ser uma mãe fervorosa quando procuro encaminhá-los para outro lugar.
Das memórias que se prendem ao nosso cerne, recordo aquele dia em que, sentada na sala com vista para as árvores, ouvi a mulher a citar o Professor João dos Santos: “Educar é fazer falhar a educação que nos deram.”.
Repare-se que utilizo metáforas. Verdade. Deus. Disciplina. Mãe. Árvores. Filhos.
Assim cheguei próxima do final de um dia acabada sem surpresas. Descanso, claro.
Plágio: Deixo a pele inundada perante incertezas nesta via aérea que é um pesadelo. Eis as minhas dúbias origens. Agora vou emergir não sei onde. Engulo o fim esmagado das extravagâncias fisiológicas e o que sofro – vivo viva - é tão além da penetração. O sol vem húmido de encontro ao reflexo desta treva.
Não anestesio o resto do dia. Subo nua a minha casca que verte seiva enquanto brotam gostares nas extremidades.


Tempos nebulosos #3 de DrGica


* Isobel Campbell with Mark Lanegan (ballad of broken seas, 2005)

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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.

Alberto Carneiro
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