o vento, a faca, o fogo, a voz e a violência

Depois fui embora e carreguei o pensamento de dureza. Mastiguei todas as ausências de habilidade que engoli. Estou agora em processo de digestão, é por isso que me falta a voz. (Por me faltar a voz, mas restarem as locuções sou bendita.)
Estas palavras que me atravessam são violentas e destroem primeiros pedaços. São pedaços antigos pelo que estalam porém ficam presos na garganta como se não fossem água.
Ah, se eu soubesse… Repito “Ah, se eu soubesse…” e torno-me numa feliz desconhecida de tudo o que pudesse ter sido projectado acerca destes dias. É a fúria com que assinalo na agenda a lista de compras que rebenta comigo, a feliz desconhecida. A faca não corta o fogo. A faca não corta o fogo. A faca não corta o fogo.* Esta voz que me atravessa.**
E assim vou, inédita, a violentar o resto destas forças com palavras que não sei fazer entender, mas sei serem iminentes.
Ah…

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František Drtikol
surripiado ao Manel

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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.

Alberto Carneiro
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