post reproduzido na íntegra do blog O Café dos Loucos

Coimbra, 1 de Fevereiro de 1937


MONÓLOGO E EXPLICAÇÃO

Mas não puxei atrás a culatra,
não limpei o óleo do cano,
dizem que a guerra mata: a minha
desfez-me logo à chegada.

Não houve pois cercos, balas
que demovessem este forçado.
Viram-no à mesa com grandes livros,
com grandes copos, grandes mãos aterradas.

Viram-no mijar à noite nas tábuas
ou nas poucas ervas meio rapadas.
Olhar os morros, como se entendesse
o seu torpor de terra plácida.

Folheando uns papéis que sobraram
lembra-se agora de haver muito frio.
Dizem que a guerra passa: esta minha
passou-me para os ossos e não sai.


Fernando Assis Pacheco, in "Sião" frenesi, 1987




Post afixado por Miguel n'O café dos loucos que roubo descaradamente e dedico ao Bonirre, ao Dr.Gica, à Armanda, ao Pedro, à E., enfim... a nós, portanto, neste dia 1 de Fevereiro de 2008 em que alguma coisa muda. É um dia diferente. É um dia de reflexão.


Bom-dia, camaradas!

1 comentário:

Anónimo disse...

bom dia pontual, camarada :)

bonirre




Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.

Alberto Carneiro
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