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(o eterno poema para esta manhã)

Memória dos Dias

Vais e vens na memória dos dias
onde o amor
cerciu a casa de luz matutina.
Às vezes sabíamos de ti pelo aroma
das glicínias escorrendo no muro,
outras pelo rumor do verão rente
ao oiro velho dos plátanos.
Vais e vens. E quando regressas
é o teu cão o primeiro a sabê-lo.
Ao ouvi-lo latir, sabíamos que contigo
também o amor chegara a casa.

Eugénio de Andrade

Replay

E mais tarde certamente estarei exposta a lágrimas alheias. Por agora deixo que esta que possuo se beba na minha face. Não sei afiançar se se trata de uma grande lágrima ou de um pequeno fio de água que me atravessa.

Esta voz que me atravessa e outras imagens privadas com que fui presenteada procederam aos rituais iniciáticos deste dia.
Oiço agora em replay a homenagem matinal aos amigos. Ao amor.



anniversary

Ele não é muito diferente dos outros todos. Passa o tempo no sofá. Olha-me de lado se estou no spot dele. Não gosta de me ver a trabalhar, faz mesmo reparos quando passo muitas horas ao computador e chega a exigir-me que o largue. Não gosta que eu saia de casa. Quer-me no sofá a toda a hora… ao lado dele. Usa e abusa de mim. Não perde uma oportunidade para a pergunta “Então, e o jantar…?”.

É assim o filme da nossa vida em comum.
Coisas de família...

Gosto de pensar que ele é meu. Eu sou dele. Gosto dele. Foi o meu primeiro. É.
O felino da nossa perdição... Que mais se pode dizer… fazer?
Fez ontem 4 anos que estamos juntos. Gosto dele.

[ sobre ganas ]





Sobre o medo
Sobre a revolta
Sobre a ilusão
Sobre a desilusão
Sobre a traição
Sobre o medo
Sobre a bondade
Sobre o erro
Sobre os erros
Sobre a amizade
Sobre a confiança
Sobre a rede
Sobre tudo
Sobre nada
Sobre os rituais
Sobre o recobro

Sob a chuva.




Amor de Gustav Klimt
1895

dilúvio de sentimento genuíno

(…) e Sabbath deitou-se sobre a campa e soluçou como não tinha podido fazer no funeral.

Agora que ela desaparecera para sempre parecia-lhe incrível que, nem mesmo quando tinha sido o amante muito louco e enrabichado, antes de Drenka se ter tornado um absorvente passatempo para se divertir com ela, foder com ela, conspirar e tramar com ela, parecia-lhe incrível que nem mesmo então tivesse pensado em trocar a torturante chatice de uma Roseanna alcoólica e assexuada para casar com alguém cuja afinidade com ele não tinha paralelo com a de qualquer outra que conhecera fora de um bordel. Uma mulher convencional capaz de fazer tudo. Uma mulher respeitável suficientemente guerreira para contrapor à dele a sua audácia. (...) E ele nunca fizera a mínima ideia disso. Nunca, em treze anos, se cansara de olhar pela sua blusa abaixo ou pela sua saia acima, e mesmo assim nunca fizera a mínima ideia!
Agora esse pensamento arrasou-o. Ninguém acreditaria que o escandaloso conspurcador da cidade, o porcalhão do Sabbath, fosse capaz de um tal dilúvio de sentimento genuíno.

in Teatro de Sabbath de Philip Roth
Publicações dom Quixote, Colecção Ficção universal
2000

A imagem "http://galerias.escritacomluz.com/sandraf/albums/Prazeres/aba.jpg" não pode ser mostrada, porque contém erros.
fotografia de Salamandrine aka Sandra Ferrás



Fronteiras

Nascida no Canadá, criada no Ribatejo, actualmente a viver em Coimbra, com fugas em datas certas ao Alentejo já me sinto também um pouco alentejana.
O Alentejo, pensava eu no Sábado, é outro país. Soubesse eu descrever por palavras o motivo de tal conclusão, fá-lo-ia, mas é preciso sentir um certo sentir que a minha escrita não vos sabe levar.

Tem de se entrar devagarinho e ir ficando (no gerúndio, claro, ir ficando... apreciando...). As estrelas são mais brilhantes. A luz tem véu próprio. As praias são céus. Até as azedas sabem diferente, são doce-azedo.

A imagem "http://farm3.static.flickr.com/2148/2255532315_18a205a60b.jpg?v=0" não pode ser mostrada, porque contém erros.

E as gentes? Não me vou arrogar falar das gentes. Sou privilegiada quanto às gentes com quem tenho privado, não generalizarei.
No entanto, penso que quando falamos das gentes do Alentejo, deve ser feita justiça quanto a uma coisa: as gentes do Alentejo são diferentes das de outras regiões do nosso país, são gentes habituadas a ter de se distanciar para o cumprimento das necessidades básicas. Existem situações pontuais de aldeias no Norte e Interior de isolamento, quando falamos de Alentejo, falamos de isolamento sem excepções.
Existem dois hospitais distritais entre o Algarve e Setúbal – o Hospital do Litoral Alentejano e o Hospital José Joaquim Fernandes, do Centro Hospitalar do Baixo Alentejo.

As maleitas parecem ignorar que Domingo é o 7º dia do Senhor, dia de descanso. Ontem, Domingo, não havia no Hospital de Santiago do Cacém, cuja extensão geográfica de atendimento está representada no mapa, um médico radiologista de serviço, nem disponível ou whatsoever...
Não sei escrever crítica social e económica. Poderia deixar para aqui duas ou três baboseiras sobre o que penso de gente que se queixa de barriga cheia e de governantes que têm a sorte de nunca ter tido um familiar necessitado num hospital tão bem equipado como o de Santiago do Cacém, porém tão carenciado de pessoal. Hoje digo: revolta e desalento.




fotografia das azedas surripiada à menina-alice

[ na entrada do quarto encontro troncos de árvores ]

Photobucket magnólia, Porto 2007
na entrada do quarto encontro troncos de árvores que
como vasos sanguíneos atravessam o chão que me ampara
e o tecto que me cobre enquanto afasto do meu olhar folhagens imaginárias.
quando chegar o último sono de inverno
por entre as sombras da mata e o voo dos corvos
quero sentir os teus joelhos dobrarem as minhas pernas
enquanto me abraças os ombros a partir dos cotovelos desarmados
inclinar o rosto sobre o teu peito e sentir as tuas mãos recolherem
da minha face a caligrafia dos terrores diurnos

e sentir na pele a luz a terra húmida e perfumada.


Cláudia Santos Silva aka blue

This derangement.

Reclining Nude, Amadeo Modigliani
1919

Attachment creeps in. The eternal problem of attachment. No, not even fucking can stay totally pure and protected. And this is where I fail. The great propagandist for fucking and I can’t do any better than Kenny. Of course there is no purity the kind Kenny dreams of, but there is also no purity of the kind I dream of. When two dogs fuck there appears to be purity. There, we think, is pure fucking, among the beasts. But should we discuss it with them, we would probably find that even among dogs there are, in canine form, these crazy distortions of longing, doting, possessiveness, even of love.
This need. This derangement. Will it never stop? I don’t even know after a while what I’m desperate for. Her tits? Her soul? Her youth? Her simple mind? Maybe it’s worse than that – maybe now that I’m nearing death, I also long secretly not to be free.


in The Dying Animal de Philip Roth
Vintage Books, 2001




Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.

Alberto Carneiro
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