(o eterno poema para esta manhã)
Vais e vens na memória dos dias
onde o amor
cerciu a casa de luz matutina.
Às vezes sabíamos de ti pelo aroma
das glicínias escorrendo no muro,
outras pelo rumor do verão rente
ao oiro velho dos plátanos.
Vais e vens. E quando regressas
é o teu cão o primeiro a sabê-lo.
Ao ouvi-lo latir, sabíamos que contigo
também o amor chegara a casa.
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margarete
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Replay
E mais tarde certamente estarei exposta a lágrimas alheias. Por agora deixo que esta que possuo se beba na minha face. Não sei afiançar se se trata de uma grande lágrima ou de um pequeno fio de água que me atravessa.
Esta voz que me atravessa e outras imagens privadas com que fui presenteada procederam aos rituais iniciáticos deste dia.
Oiço agora em replay a homenagem matinal aos amigos. Ao amor.
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margarete
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anniversary
Ele não é muito diferente dos outros todos. Passa o tempo no sofá. Olha-me de lado se estou no spot dele. Não gosta de me ver a trabalhar, faz mesmo reparos quando passo muitas horas ao computador e chega a exigir-me que o largue. Não gosta que eu saia de casa. Quer-me no sofá a toda a hora… ao lado dele. Usa e abusa de mim. Não perde uma oportunidade para a pergunta “Então, e o jantar…?”.
É assim o filme da nossa vida em comum.
Coisas de família...
Gosto de pensar que ele é meu. Eu sou dele. Gosto dele. Foi o meu primeiro. É.
O felino da nossa perdição... Que mais se pode dizer… fazer?
Fez ontem 4 anos que estamos juntos. Gosto dele.
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margarete
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[ sobre ganas ]
Sobre o medo
Sobre a revolta
Sobre a ilusão
Sobre a desilusão
Sobre a traição
Sobre o medo
Sobre a bondade
Sobre o erro
Sobre os erros
Sobre a amizade
Sobre a confiança
Sobre a rede
Sobre tudo
Sobre nada
Sobre os rituais
Sobre o recobro
Sob a chuva.
Amor de Gustav Klimt
1895
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margarete
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dilúvio de sentimento genuíno
(…) e Sabbath deitou-se sobre a campa e soluçou como não tinha podido fazer no funeral.
in Teatro de Sabbath de Philip Roth
2000
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margarete
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Fronteiras
Nascida no Canadá, criada no Ribatejo, actualmente a viver em Coimbra, com fugas em datas certas ao Alentejo já me sinto também um pouco alentejana.
O Alentejo, pensava eu no Sábado, é outro país. Soubesse eu descrever por palavras o motivo de tal conclusão, fá-lo-ia, mas é preciso sentir um certo sentir que a minha escrita não vos sabe levar.

No entanto, penso que quando falamos das gentes do Alentejo, deve ser feita justiça quanto a uma coisa: as gentes do Alentejo são diferentes das de outras regiões do nosso país, são gentes habituadas a ter de se distanciar para o cumprimento das necessidades básicas. Existem situações pontuais de aldeias no Norte e Interior de isolamento, quando falamos de Alentejo, falamos de isolamento sem excepções.
Existem dois hospitais distritais entre o Algarve e Setúbal – o Hospital do Litoral Alentejano e o Hospital José Joaquim Fernandes, do Centro Hospitalar do Baixo Alentejo.

Não sei escrever crítica social e económica. Poderia deixar para aqui duas ou três baboseiras sobre o que penso de gente que se queixa de barriga cheia e de governantes que têm a sorte de nunca ter tido um familiar necessitado num hospital tão bem equipado como o de Santiago do Cacém, porém tão carenciado de pessoal. Hoje digo: revolta e desalento.
fotografia das azedas surripiada à menina-alice
[ na entrada do quarto encontro troncos de árvores ]

como vasos sanguíneos atravessam o chão que me ampara
e o tecto que me cobre enquanto afasto do meu olhar folhagens imaginárias.
quando chegar o último sono de inverno
por entre as sombras da mata e o voo dos corvos
quero sentir os teus joelhos dobrarem as minhas pernas
enquanto me abraças os ombros a partir dos cotovelos desarmados
inclinar o rosto sobre o teu peito e sentir as tuas mãos recolherem
da minha face a caligrafia dos terrores diurnos
e sentir na pele a luz a terra húmida e perfumada.
Cláudia Santos Silva aka blue
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margarete
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This derangement.
1919
This need. This derangement. Will it never stop? I don’t even know after a while what I’m desperate for. Her tits? Her soul? Her youth? Her simple mind? Maybe it’s worse than that – maybe now that I’m nearing death, I also long secretly not to be free.
in The Dying Animal de Philip Roth
Vintage Books, 2001
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margarete
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